sexta-feira, 22 de abril de 2011

Indefinido

Amor, não sei o que é
e duvido que alguém vá saber.
Ainda não inventaram dicionário
para as coisas do coração.

Ainda bem!
Porque, no dia em que eu descobrir
o significado desse rebuliço 
que me dá na barriga
toda vez que vejo minha queridinha,
isso deixaria de ser amor,
deixaria de ser magia!

Pingo

Pingo de chuva
pinga
sêmem de vida
faz desabrochar
pequena flor
colorida.

Explosão de vida

Desabrochou o amor
no ário solo do coração humano
e agora o mundo
não mais guerra
não mais dor
não mais ódio
comemora sua vitória
em explosão de vida.

Novos tempos

Há muito que eu sonho com um novo tempo
não mais regido pelas horas do dia,
não mais regido por guerras,
não mais regido pela dor
nem pela fome.
O tempo com que eu sonho
não pode ser medido por relógios,
porque não obedece à leis matemáticas:
perder tempo pode ser ganhá-lo,
ganhar tempo pode ser perdê-lo;
manter-se em atividade pode ser simplesmente manter-se estático
bebendo da paz que reina sobre o silêncio,
o vazio,
o nada.

Janela do mundo

Quero uma janela que dê para o mar,
todas às manhãs contemplar o retrato natural
da grandeza invejável do nascer do sol
do lado de cá do mundo, terceiro mundo, 
e me render ao azul-imensidão,
e mergulhar na profundidade de tudo,
e viver como se cada momento fosse único
para nada perder ou mesmo ignorar.

Sem palavras

                                                                                               Michele Oliveira, amiga que é pau pra toda obra.


Sem palavras estou 
para expressar o que agora me arde no peito.
Por isso, grito.
Por isso tenho ímpetos
de correr e dançar na chuva,
de abraçar você o mais intensamente que eu puder.

O que sinto é fogo,
é brasa, é magia;
é reticência, um quê indefinido;
é ponto de interrogação.

Quero transformar cada instante em eternidade,
cada lágrima em sorriso,
cada dor em afago, em carícia.

Assim, quando a noite vir
com seu manto negro abraçar a cidade,
estarei feliz,
estarei pleno de mim mesmo.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Coração egoísta








Sempre achei que dentro de mim houvesse um grande coração,


Um grande coração onde coubessem as coisas do mundo:


Seus automóveis, suas casas, suas fábricas, suas gentes.


No entanto, como eu estava enganado!


O mundo era tão grande,


E tão pequeno era o meu coração


Meu pobre coração que tanto se orgulhava de pulsar e me manter vivo.


Pequeno era meu modo de ver, que a tudo apequenava


Transformando A mim mesmo num Golias,


Triste Golias que tão mal se adaptava às coisas da vida.






Não, meu coração não era grande –


à duras provas cheguei a essa conclusão.


Nele, não cabia sequer o pedaço de céu,


Um sorriso de criança,


O grito da mãe que descobre o filho morto.


Espaço não havia para as enormes filas de indigentes


À espera de um prato de comida.


Meu coração era egoísta: nele, só cabia você e mais nada.